Alfredo Roque Gameiro
Um minderico ilustre
É o artista de referência no panorama da aguarela portuguesa.
Roque Gameiro deu à aguarela “pergaminhos de nobreza” conferindo-lhe um lugar de destaque.
Muitos dos caminhos inovadores que a aguarela vai seguir depois dele, foram por ele desbravados.
Oriundo de meio rural, foi em Lisboa e também além fronteiras que teve a oportunidade de trabalhar, estudar e contactar com o meio artístico do seu tempo.
A propensão inata para o desenho, para o pormenor, para a disciplina de trabalho, que foi afinando ao longo da vida, aos quais se juntou o privilégio pela expressão, pela transparência lumínica, pelo trabalho prático, assente num contacto directo e constante com o real, conduziram RG, inevitavelmente, à prática da aguarela – o que ele pretendia só poderia ser executado em aguarela.
Roque Gameiro extasiou-se perante o rigor da observação e a força poética com que descreve, nas suas aguarelas, o observado.
São as suas “narrativas” de viagens, que empreendeu um pouco por todo o país, que têm como pano de fundo, ambientes diferentes, que nos levam à descoberta da natureza familiar, da beleza das paisagens, da harmonia profunda que se pode desenvolver na contemplação dos nossos horizontes de todos os dias.
Tornou-se o caminhante insaciável que correu o país de lés-a-lés, descobrindo nele as terras, as gentes, os usos e os costumes.
O Portugal que nos quis deixar nos seus desenhos e nas suas aguarelas, aquele “Portugal de algum dia” que tanto o motivou, mas que infelizmente não teve tempo de terminar.